quinta-feira, 4 de abril de 2013

EXUBERÂNCIA TARDIA

O rolar tenso nas ruas da cidade desanuvia o ar que respiro, bafo sedento de vida marsupial. Escondido das raivas que os dentes trituram, passo pelo teu olhar sombrio e cravo, nele, o tradicionalismo romântico do amor inesperado. Tens o olhar do passageiro sedentário. Passas, observas e absorves o pássaro instantâneo que fotografas no seu voo de libertino inconsciente. Compreendo que assimilaste a metáfora que sou. Alegre, deslumbro os pensamentos com o sol radioso que, de ti, se desprende. Não falamos, nem conversámos. O diálogo fica para o tempo de solidão. Abraçados, nocturnamente, romperemos pela aurora dos sonhos e desenharemos, em miragens de sentimentos, a realidade de um amor que floresceu por entre as roturas doces de uma exuberância tardia. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito de 04 de Abril de 2013, escrito na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 14H15 e as 14H48.
Postado, no blogue, em 04 de Abril de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 14H53 e as 15H04.

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