quarta-feira, 3 de abril de 2013

RITOS POÉTICOS - VII - SOMOS O QUE SOMOS

Caminhamos jovens, velhos,
queixúmes de subtilezas
p´ra apagarmos às tristezas
os cacos dos vis espelhos,
pedaços de carne viva,
segredos de alma cativa
que a Morte nos arquiva
p´ra sermos memórias fúteis
em lavas de tempo, inúteis
por sabermos que a vida
é uma visão esquecida,
boca trémula que grita
contra a dor que nos agita
entre os dedos de uma fera
que devora à noite antiga
a ilusão de uma espera
com a raiva da cantiga
que todo o vento mastiga
para em sonhos de verdade
cuspir o fogo da idade
e sorrir à mão amiga
que afaga a espiga
e nos aquece a vontade
de sermos tudo o que somos
no sumo claro dos gomos.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito de 03 de Abril de 2013, escrito na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 14H20 e as 14H58.
Postado, no blogue, em 03 de Abril de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 15H07 e as 15h26.

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