segunda-feira, 25 de março de 2013

CORPO SONETÁRIO - III - OLHAR PÉTREO

Enterraste uma pedra no olhar,
essa bússola de conchas sem dedos
que escreve na areia dos medos
a ausência de um norte, do mar.

E as palavras que a espuma sonhar
por entre as volúpias dos segredos
são esmolas na boca dos enredos,
a melodia suave do luar.

E se o doce encanto da bigorna
modelar a pedra que te adorna
o olhar com um lamento hostil,

as arestas iriantes de um sorriso
libertarão a noite de Narciso
e, vibrantes, criam o amor febril.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito de 24 de Março de 2013, escrito nas Avenidas António Augusto Aguiar, da Liberdade e no Comboio da Linha de Cascais, às 19H45, às 20H21 e entre as 20H40 e as 21H05.
Revisto e postado, em 25 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 16H56 e as 17H03.

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