quarta-feira, 27 de março de 2013

ESTAMINAIS

Para que servem as células estaminais? Não sei, nunca soube, nem nunca o saberei. Serão para que eu não seja o que sou e não padecer o que padecerei quando for o que não sou? A cura e a longevidade são os desejos humanos da fatalidade incómoda que se contorce nos tentáculos da consciência metafórica.
As células são o que são e o metabolismo da existência é o suporte básico da infinitude que todos lambem quando o ridículo da essência é um quadro de complexidades que não revela a verticalidade dos seus sentidos.
Passeamos incólumes pelas veredas do Futuro, movidos eolicamente pelas impressões digitais da ciência que nos acoberta com as ambições do irracionalismo que nos racionaliza as metamorfoses do olhar, e, candidamente, nos reveste o halo dos sentidos com as dúvidas psicológicas das carências afectivas e nos agita a mediocracia dos actos falidos com a relevância do visualismo decrépito.
Seremos um dia, imortais? O imortalismo é a febre catastrófica do simbolismo anacrónico. Sedentos da gravidade espacial, inventamos aos conceitos da gravidade promocional, a estabilidade motora do consumismo absoluto que nos protege, ferozmente, da decadência e dessa realidade que nos move com pezinhos de lã e nos enterra, profundamente, na enfermidade antropológica do evolucionismo que nos transforma em deuses dos crepusculos universais.
Eu rimo ciência com essência e disseco os poros da juventude com as pinças microcópicas das experiências inolvidáveis, realizadas no apogeu das alergias bucólicas. Invoco as células estaminais em nome da grandeza humana e em nome do artifício que envolve o rastreio das preces que perjuram a castidade da complexidade universal.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito de 30 de Outubro de 2011, escrito no Centro Cultural de Belém.
Revisto e postado, no blogue, em 27 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 15H30 e as 15H50.

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