quarta-feira, 13 de março de 2013

NA ESTAÇÃO DO METRO DO MARQUÊS DO POMBAL

Estou sentado em um dos bancos da Estação do Metro do Marquês do Pombal. São 20H05. Dentro do meu cérebro computorizado nasce o debate entre uma solidão que tudo aniquila à minha volta e o Moby que estabelece com as minhas entranhas mais profundas um sentido de sorrir a uma amante imaginária que se veste com a intimidade de uma ternura, que se despe e que se abraça a um tempo em que tudo era simples: o amor de amar, os lábios de uma flor que se respiram e o perfume que se bebe à pele do corpo que nos delira a afeição, a postura amorosa da meiguice desejada.
A solidão é este estado de imobilidades momentâneas que subvertem os rituais da vida, que se transformam em jogos de inseguranças, sem linhas transitórias, sem abafos que me resguardem deste frio interior que roça o âmago da alma que se esconde algures no cemitério das infâncias onde ela, bêbada de vida, resmunga contra os sentimentos da solidão que detesta, por saber que as duas são gémeas do destino que as vitima nos abraços solidários de um poente eterno.
Vou apanhar o metro sem saber qual o destino que me apanha. Parto sem partir, partindo por partir, e chegarei, se chegar, nunca chegando à vida que ambiciono chegar
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito original de 12 de Março de 2013, escrito na Estação do Metro do Marquês do Pombal, entre as 20H51 eas 20H24.
Postado no blogue, em 13 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 13H37 e as 13H57.

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