quarta-feira, 27 de março de 2013

RITOS POÉTICOS - VI - POR SER O QUE SOU

Cansado de ser quem sou,
uma ave de mil ventos
que o sonho alugou
à bigorna dos talentos,
não Édipo, mas amplexo
da visão que o cegou
e o ferreto complexo
que Agripina gerou
ao molhar-se na idade
do tempo que se inventa
por ser a boca sedenta
da morte que é a verdade
no mistério da mentira
e na sua festa de peste
onde a rolha não respira
e o vinho é agreste.
Farto das grades que visto,
roubo a Ícaro, as asas,
e, a Narciso, a vaidade,
p´ra que na queda das brasas
sinta o fogo de Cristo
e o diabo da santidade.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Manuscrito de 18 de Setembro de 2011, escrito na carreira 727 da Carris e na Dolce Vita.
Revisto e postado, em 27 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 12H56 e as 13h17.

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