terça-feira, 12 de março de 2013

RITOS POÉTICOS - II - DOR DE MARÉ

Nas lareiras do passado
ardem palavras de sebo
lavrando no seu recado
as ideias claras de Febo
que, em anúncios de sede,
lavam a fome dos medos,
pálidas bocas de rede
que pescam os seus segredos
e desovam argumentos
no cosmos dos seus tormentos.

Com as lâminas da dor
se pincham velhas memórias
e com a salsa do amor
se dança ao ritmo das estórias
que rabiscam as comédias
dos que partem sem Orfeu
e dos que ficam sem rédeas
no jardim de Prometeu
onde o que fogo é
salga a dor de maré.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Postado, em 12 de Março de 2013, entre as 16H21 e as 15H50. na Biblioteca Nacional de Lisboa, e transcrito e corrigido do manuscrito de 07 de Outubro de 2011, escrito na Cinemateca Portuguesa. Inicialmente com o título: Poema LXXXIX.

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